Você já parou para pensar sobre como as normas sanitárias afetam o que você come? E de que forma os modelos de produção em massa, como o agronegócio, estão ligados à produção de doenças, enquanto os sistemas alimentares tradicionais — promovidos pelos indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares — apontam caminhos para uma vida mais saudável?
Essas são algumas das perguntas centrais do Seminário Internacional – (In)Segurança Alimentar sob o Microscópio: Repensando a Relação entre Sistemas Alimentares, Microrganismos e Normas Sanitárias, que acontecerá nos dias 26 e 27 de novembro (quarta e quinta-feira), no Instituto de Nutrição (INU/UERJ), no Rio de Janeiro.
Em seguida, nos dias 28 e 29, esses temas serão debatidos também em Brasília, durante o pré-Congresso da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrascão.
Os eventos têm o apoio do Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) e são uma oportunidade única para o público entender as tensões entre a alimentação industrializada e os saberes de quem vive da terra e em territórios tradicionais. As inscrições ainda estão abertas.
“Estamos reunindo pesquisas e promovendo uma troca de informações e diálogo para refutar a percepção de que a fonte de contaminação vem do modelo tradicional. Há evidências que mostram que as maiores contaminações são, na verdade, fruto do sistema alimentar convencional”, diz a engenheira de alimentos do Instituto Socioambiental (ISA), Bianca Tozato, representante da sociedade civil no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
No Rio de Janeiro e em Brasília, um dos destaques da programação é a reunião de saberes múltiplos, com a presença de cientistas internacionais, nacionais, indígenas, quilombolas e produtores.
A abertura do seminário, na quarta-feira, terá o encontro do biólogo evolucionista Rob Wallace (EUA) com o pesquisador indígena André Baniwa, consultor na área de Medicinas Indígenas do Ministério da Saúde, e com a antropóloga Ana Paula Perrota, professora da UFRRJ.
Na mesa seguinte, o produtor de queijo Canastra Luciano Carvalho vai debater com a pesquisadora Élise Demeulenaere, que tem como foco a antropologia do meio ambiente, e com a pesquisadora Rosângela (Bibi) Cintrão, pós-doutoranda no Instituto de Nutrição da UERJ e pesquisadora o Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESAN).
Na quinta-feira, Fran Paula, da Coordenação Nacional Comunidades Rurais Quilombolas-CONAQ e da Aliança Cientifica Antirracista, pesquisadora em racismo e sistemas alimentares, estará em conversa com Kregg Hetherington (Canadá), com pesquisasobre a expansão da soja e seus impactos.
Em seguida, a engenheira de alimentos Bianca Tozato, do Instituto Socioambiental (ISA), conversa com Will LaFleur (Finlândia), que tem pesquisas em práticas de fermentação e etnografia sensorial.
AGENDA
RIO DE JANEIRO
Seminário Internacional – (In)Segurança Alimentar sob o Microscópio.
Data: 26 e 27 de novembro (quarta e quinta-feira).
Local: NUT/UERJ – Instituto de Nutrição – Rio de Janeiro.
Faça sua inscrição, é gratuita!
Lançamento do livro “Grandes fazendas produzem grandes gripes”, de Rob Wallace, com a presença do autor, biólogo e evolucionista que denuncia as relações entre as criações industriais de animais e o surgimento de epidemias.
Data: 26 de novembro, das 18h às 21h
Local: Espaço Raízes do Brasil, Rua Áurea, 80, Santa Teresa
Aberto ao público e não requer inscrição
BRASÍLIA
Oficina pré-Abrascão – Desafios para a inclusão sanitária – Democracia, Equidade, Justiça Climática para inclusão sanitária de alimentos – OF219
Data: 28 e 29 de novembro (Brasília)
Local: Centro Internacional de Convenções de Brasília – CICB – SCES Trecho 2, Conj. 63, Lote 50, Asa Sul.
Faça sua inscrição, é gratuita!
Lançamento de livro “Grandes fazendas produzem grandes gripes”
Data: 28 de novembro, 18H
Local: Armazém do Campo Brasília (Edifício Denasa, SCS Qd 1, Bloco K, Lote 30 – Asa Sul, Brasília)
Aberto ao público e não requer inscrição
Contato para a imprensa:
Sabrina Brito/ÓSocioBio – (61) 98439 2831
Ana Amélia Hamdan/ISA – (31) 99806 2958
SAIBA MAIS
AGENDA COMPLETA RIO DE JANEIRO
Seminário Internacional (In) Segurança alimentar sob o microscópio
MESA 1 – 26 DE NOVEMBRO (QUARTA-FEIRA)
9H30-12H30: Desafios para uma saúde planetária multiespécie e para a promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional
- Rob Wallace (EUA): Biólogo e consultor da FAO e CDC, autor de livros como “Grandes Fazendas Produzem Grandes Gripes” (2024).
- André Fernando Baniwa: Consultor na área de Medicinas Indígenas do Ministério da Saúde, empreendedor social e autor de livros sobre o bem viver do povo Baniwa.
- Ana Paula Perrota: Antropóloga e coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Socialidades Mais que Humanas (SOMAH), com foco em relações humano-animal e sociologia da moral.
MESA 2 – 26 DE NOVEMBRO (QUINTA-FEIRA)
14H30 – 17H30: Alimentação, microrganismos e regulações sanitárias: tensões sobre formas humanas e não humanas de bem viver
- Luciano Carvalho: Produtor de queijo Canastra, membro do Slow Food Brasil, que defende o cultivo da terra em harmonia com todos os seres vivos.
- Élise Demeulenaere (França): Pesquisadora com foco em Etnobiologia e Antropologia do Meio Ambiente.
- Rosângela (Bibi) Cintrão: Pesquisadora associada ao Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESAN).
MESA 3 – 27 DE NOVEMBRO (QUINTA-FEIRA)
8H30-10H30: Biopolíticas nos sistemas alimentares globais: agronegócio e a produção de (in)seguranças em grande escala
- Fran Paula: Engenheira Agrônoma e Mestra em Saúde Pública, pesquisadora em Racismo e Sistemas Alimentares, e impactos de agrotóxicos na saúde. Representa a CONAQ (Comunidades Rurais Quilombolas).
- Kregg Hetherington (Canadá): Especialista em Estado burocrático e desenvolvimento na América Latina, com pesquisa atual sobre o boom da soja e seus impactos.
MESA 4 – 27 DE NOVEMBRO (QUINTA-FEIRA)
10H40 – 12H30: – Desafios metodológicos e interdisciplinares para pesquisas e normativas envolvendo microrganismos
- Bianca Tozato: Engenheira de alimentos do Instituto Socioambiental (ISA), que apoia comunidades na gestão de produtos da sociobiodiversidade, como castanha-do-brasil e cogumelo Yanomami.
- Will LaFleur (Finlândia): Pós-doutorando com foco em práticas de fermentação e etnografia sensorial.
- Victor Secco – Antropólogo e pós-doutorando na Universidade Ca’ Foscari – Itália.
AGENDA COMPLETA BRASÍLIA
28 DE NOVEMBRO (SEXTA-FEIRA)
10H – 12H30: Apresentação dos participantes e da proposta da oficina
14H30 às 17H: Experiências da Mesa de Diálogos Catrapovos Brasil
18H às 21H30 – Lançamento do livro “Grandes fazendas produzem grandes gripes”, de Rob Wallace. Debate com o autor e confraternização. Local: Armazém do Campo – DF
29 DE NOVEMBRO (SÁBADO)
10H às 12H30 – Exclusão e inclusão sanitária de produtos da Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais
14H30 às 17H30 – Iniciativas de inclusão produtiva da ANVISA e do MDA/MAPA
17H30 às 18H – Avaliação e encerramento
Crédito da imagem: Kamikia Kisedje



