ÓsocioBio lança o livro “Florescendo nas brechas” durante a Semana da Sociobiodiversidade em Brasília

Obra escrita coletivamente por integrantes da rede do ÓSocioBio reforça o protagonismo dos povos e comunidades tradicionais nas economias da sociobiodiversidade.

Vivências e experiências relatadas a partir de uma grande diversidade de territórios tradicionais compõem o livro “Florescendo nas brechas: territórios tradicionais e economias da sociobiodiversidade”, lançado pelo ÓSocioBio nesta sexta-feira, dia 5 de setembro, durante a Semana da Sociobiodiversidade, em Brasília, pela editora Mil Folhas. 

A publicação reforça o protagonismo dos povos e comunidades tradicionais para as economias da sociobiodiversidade e é resultado de uma ampla construção coletiva. A obra reúne reflexões e experiências de integrantes da rede ÓsocioBio, como  Catrapovos, WWF Brasil, CNS, WRI-Brasil, Conexsus, WTT, ISPN, entre outros parceiros que atuam diretamente com políticas públicas nos territórios

Segundo a secretária executiva do ÓSocioBio, Laura Souza, a publicação nasce para visibilizar práticas que já transformam a realidade em várias partes do país. “Este livro mostra que a  sociobiodiversidade é a resposta concreta para a crise ambiental e social em que vivemos. Nele você verá como a sabedoria dos territórios tradicionais pode guiar a formulação de políticas públicas eficazes”, reflete.

O lançamento dentro da programação da Semana da Sociobiodiversidade reforça o simbolismo do encontro: unir resistência, inovação, tradição e futuro em um mesmo espaço de trocas e aprendizados.

De 1º a 5 de setembro, Brasília recebe a segunda edição da Semana da Sociobiodiversidade que se consolida como um dos principais encontros voltados às economias da sociobiodiversidade no Brasil. O evento reune mais de 450 participantes — entre coletivos e organizações que atuam nos segmentos da borracha, pirarucu, castanha-da-Amazônia e pesca artesanal costeira e marinha em reservas extrativistas do litoral brasileiro, além da juventude extrativista organizada  —  incluindo indígenas, quilombolas, ribeirinhos, organizações socioambientais, instituições governamentais e representantes do poder público para debater estratégias de fortalecimento das economias da floresta e do mar.

O prefácio da obra lembra que “bioeconomia se escreve com S de sociobiodiversidade”, reforçando que não existe bioeconomia inovadora sem o protagonismo dos povos e de suas práticas. 

 

Diversidade de experiências reunidas

Ao longo de 11 capítulos, o livro apresenta um panorama das economias da sociobiodiversidade em diferentes regiões do país. Entre os destaques estão a agricultura familiar tradicional e alimentação escolar; as cadeias produtivas comunitárias, como o babaçu no Maranhão e no Pará; a farinhada do jatobá no Tocantins; a pesca artesanal costeira e marinha e o manejo participativo do pirarucu selvagem na Amazônia; acCiência, tecnologia e inovação; o acesso ao crédito e assistência técnica; a educação e alimentação em territórios indígenas;  os desafios e os aprendizados das escolas xinguanas diante da crise climática; a inovação e a rastreabilidade, com o exemplo da ferramenta ConfiaProd na cadeia do açaí, entre outros.

Para um dos autores, Abilio Vinicius Barbosa, analista de conservação e conector de Segurança Alimentar e Nutricional do WWF-Brasil, as experiências mostram alguns dos caminhos já trilhados pelo ÓSocioBio durante seus três anos de atuação. “O ÓSocioBio, mesmo com seus três anos, parece que nasceu anteontem. De repente, já estávamos envolvidos em um mundaréu de ações que se desdobraram em tantas outras, criando caminhos que sequer imaginávamos. Ontem, sentimos que já tínhamos material para escrever um livro e compartilhar essas histórias com todos que se interessam pelo tema. E hoje, aqui estamos concretizando esse objetivo.”

Já Nurit Bensusan, organizadora do livro, diz que “refletir sobre os desdobramentos das economias da sociobiodiversidade, suas alternativas e soluções é abrir caminhos para que modos de vida e conhecimentos de povos indígenas, de povos e comunidades tradicionais e da agricultura familiar persistam e nos ensinem a viver melhor em um mundo que insistimos em tornar um pouco pior a cada dia.” 

A coordenadora do Programa Sociobiodiversidade do ISPN, Silvana Bastos, destaca que o artigo “Farinhada do Jatobá” relata a beleza e consistência da experiência do mutirão para produzir farinha de jatobá no Tocantins, também como uma metodologia para a interação e envolvimento de agroextrativistas, órgãos públicos e organizações da sociedade civil focadas na conservação ambiental por meio do uso sustentável. 

 

Um chamado à construção coletiva

Mais do que um compilado de experiências, a publicação traz um chamado à ação. “As iniciativas reunidas provam que a sociobiodiversidade não é um conceito distante, mas uma prática concreta que garante renda, soberania alimentar, conservação ambiental e bem viver”, reforça Laura.

O livro Florescendo nas brechas lançado no dia 5 de setembro, na Pousada dos Angicos (Brazlândia/DF), como parte da programação da Semana da Sociobiodiversidade. Após o lançamento, a obra poderá ser adquirida no site da editora, pela Amazon e também em livrarias físicas de Brasília, como a Circulares.

 

Realização

A segunda edição da Semana da Sociobiodiversidade é uma iniciativa organizada pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e pela Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (CONFREM), em parceria com o Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) e apoio de diversas instituições. 

 

Organizações autoras do OSocioBio

Observatório das Economias da Sociobiodiversidade – ÓSocioBio

CNS

CNPCT

WWF Brasil

Catrapoa

WTT

WRI Brasil

ISA

Instituto Conexões Sustentáveis – Conexsus

Instituto Juruá

INPA

UFAM

UFAL

Memorial Chico Mendes

IPAM

ISPN

Instituto Terroá

Linha d’água

 

Foto: Divulgação da Semana da Sociobiodiversidade