Integrantes da rede ÓSocioBio assinam capítulo no recém-lançado livro digital “Comunidades Tradicionais, Povos Indígenas e Quilombolas: Impactos e soluções na agenda climática”, terceira publicação da série Diálogos pelo Clima.
Abilio Vinicius Barbosa, analista de conservação e conector de Segurança Alimentar e Nutricional do WWF-Brasil, Márcio Menezes, assistente técnico da Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos do Amazonas/Catrapoa e membro da Catrapovos Brasil, Fernando Merloto, procurador da república do Ministério Público Federal no Amazonas e coordenador da Catrapoa Amazonas, da Mesa de Diálogo Permanente Catrapovos Brasil (em nível nacional) e Mônica Nogueira, pesquisadora associada do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) e professora do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), Universidade de Brasília (UnB), trazem reflexões que evidenciam como os saberes tradicionais, a luta por direitos e a preservação territorial são estratégicos para enfrentar a crise climática.
Para Vinicius, a obra é o resultado de um sonho coletivo. Ele destaca que a experiência das Comissões de Alimentos Tradicionais — as Catrapovos — precisava ser registrada de forma sistematizada para inspirar políticas públicas em todo o país. “Agora temos uma obra que não apenas conta nossa trajetória, mas também apresenta outras experiências que mostram como é possível unir esforços pelo clima e pelos povos e comunidades tradicionais. O sonho se transformou em realidade”.
No mesmo espírito colaborativo, Fernando Merloto Soave reforça a relevância da agricultura familiar, das compras públicas e da geração de renda sustentável em tempos de emergência climática. “Escrever sobre isso é um desafio e uma alegria, pois traz soluções reais, afasta as falsas soluções e fortalece quem produz de forma sustentável”, afirma.
O conteúdo produzido por Vinícius, Márcio, Mônica e Fernando entre outros atores do capítulo dialoga diretamente com o trabalho do ÓSocioBio, que sistematiza e divulga dados, análises e histórias sobre a importância de reconhecer e apoiar povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais como protagonistas na proteção ambiental e na justiça climática.
Para Mônica, o momento exige urgência: “A crise climática nos obriga a repensar os sistemas alimentares, valorizando a produção local, a sociobiodiversidade e os conhecimentos tradicionais. A Catrapovos mostra que o diálogo entre Estado, sociedade civil e comunidades pode gerar soluções inovadoras que unem segurança alimentar, renda sustentável e mitigação das mudanças climáticas”.
A secretária executiva do ÓSocioBio, Laura Souza, destaca que o livro tem potencial para transformar debates em ações concretas.“As reflexões reunidas nesta obra ajudam a transformar informações em ação. É um material que amplia a voz das comunidades e inspira decisões alinhadas à justiça climática.”
Márcio Menezes destaca que o livro evidencia o papel estratégico das Comissões de Alimentos Tradicionais, lideradas pelo Sistema de Justiça, na facilitação do acesso de PCTs às políticas públicas como Pnae e PAA, fortalecendo a autoestima e a vida de comunidades antes esquecidas. “Esse apoio tem transformado a vida de muitas famílias e, em tempos de mudanças climáticas, políticas bem adaptadas são aliadas essenciais para garantir renda, soberania alimentar e resiliência, respeitando a sazonalidade e as condições ambientais”, afirma.
O lançamento oficial ocorreu em julho, durante o evento “Novas vozes para um novo futuro”, na Embaixada da Noruega, em Brasília, com a presença do ministro do Desenvolvimento Internacional da Noruega, Åsmund Aukrust, da secretária-geral do FUNBIO, Rosa Lemos Sá, e do embaixador da Noruega no Brasil, Odd Magne Ruud.
O Diálogos pelo Clima é uma iniciativa do Programa COPAÍBAS, financiado pela Iniciativa Internacional da Noruega para Clima e Florestas (NICFI), por meio do Ministério das Relações Exteriores da Noruega.
Mais do que um registro acadêmico, o livro é uma ferramenta política e educativa, que provoca reflexões sobre regularização fundiária, financiamento de iniciativas comunitárias, uso sustentável dos recursos naturais e articulação entre ciência e conhecimento tradicional.
Acesse o livro na íntegra
Comunidades Tradicionais, Povos Indígenas e Quilombolas – Impactos e soluções na agenda climática