Dia do Cerrado: sabores, cultura e políticas de inclusão nos territórios tradicionais

Iniciativa do PNAE Quilombola em Cavalcante (GO) é compartilhada no 11º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado. Políticas públicas adequadas e iniciativas locais promovem a conservação do bioma.

No dia 11 de setembro celebramos o Cerrado, que cobre 24% do território brasileiro e abriga uma diversidade única de espécies e de povos e comunidades tradicionais. E é desse  bioma que está vindo uma iniciativa inovadora que leva alimentação tradicional e saudável para as escolas. A experiência do PNAE Quilombola em Cavalcante (GO) será apresentada em Brasília, durante o 11º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado. 

A Chamada Pública do PNAE Quilombola – Prefeitura Municipal de Cavalcante está em sua segunda edição. Trata-se do primeiro edital específico do PNAE Quilombola no Cerrado, que visa garantir a aquisição de alimentos produzidos por famílias quilombolas, fortalecendo seus modos de vida, a economia local e promovendo uma alimentação escolar mais saudável e culturalmente adequada.

“Essa iniciativa é um passo importante para reconhecer a contribuição dos povos tradicionais na produção de alimentos e na conservação do bioma. Além disso, cria oportunidades reais de renda para as comunidades locais”, afirma a secretária-executiva do ÓSocioBio, Laura Souza. 

Para a nutricionista responsável técnica do PNAE nas escolas municipais de Cavalcante (GO), Emily Monteiro, os alimentos provenientes da agricultura familiar quilombola são orgânicos, frescos e diversificados, chegando diretamente da terra para o prato e garantindo qualidade nutricional e segurança alimentar. 

“O alimento que chega ao prato das crianças é cultivado pelos próprios familiares e pela comunidade em que vivem, fortalecendo laços culturais, econômicos e sociais. Para muitos estudantes, a refeição escolar é a principal, e, em alguns casos, a única do dia, o que torna a merenda essencial para suprir necessidades básicas e proporcionar acesso a alimentos que muitas vezes não estão presentes em casa. Assim, o edital representa mais do que um meio de abastecimento: é uma estratégia de promoção da saúde, valorização cultural, combate às desigualdades e fortalecimento da agricultura familiar, assegurando refeições de qualidade e contribuindo para a soberania alimentar”, explica. 

Ações para a adequação das políticas públicas de aquisição de alimentos vêm sendo promovidas pela Mesa de Diálogos Permanente Catrapovos Brasil, criada por iniciativa do Ministério Público Federal (MPF). Dentro desse contexto, a rede ÓSocioBio atua nas mesas de diálogos estaduais por meio da participação de suas organizações membro, como o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Instituto Socioambiental (ISA), WWF-Brasil, Projeto Saúde e Alegria (PSA), por exemplo. 

Nesta quinta-feira (11/9), Abilio Vinícius, integrante da WWF Brasil, organização membro do ÓSocioBio, trouxe reflexões sobre o tema na roda de conversa “Catrapovos: do Amazonas para o Cerrado e para o Brasil”, com informações sobre estratégias de mobilização e articulação entre os povos tradicionais em diferentes biomas. “Estar em uma roda de conversa com várias de nossas redes de restauração, alimentação tradicional e sociobiodiversidade, como o ÓSocioBio, Araticum e a Catrapovos Brasil é um grande prazer, pois nosso trabalho é articular organizações e redes em busca de um objetivo comum de transformação da realidade das famílias que cuidam e manejam o meio ambiente, produzindo, coletando e beneficiando alimentos, medicinas, saberes e sabores.  Ter o Ministério de Desenvolvimento Social presente também será bom para pensarmos em formas de como avançar nas políticas de combate à fome nos territórios. O tempo é hoje, e o Cerrado e seus povos precisam ser mais valorizados”.

A experiencia de Cavalcante, assim como a de municípios no Amazonas, Acre, Pará e São Paulo vêm sendo consideradas como referência para replicação à nível nacional. 

Diálogos conectam os povos do Cerrado às políticas públicas

O 11º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, em Brasília, começou no dia 10 e vai até  13 de setembro, no Eixo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte). 

O encontro reforça o protagonismo dos  povos e comunidades tradicionais e a importância de políticas públicas adequadas para  proteção do bioma. Apesar de sua importância, o Cerrado convive com uma série de pressões, como desmatamento e queimadas.

Promovido pela Rede Cerrado,  o evento conta com a participação de representantes de diferentes estados para debater políticas públicas, sustentabilidade, soberania alimentar e preservação ambiental, conectando experiências de base à formulação de políticas inclusivas.

 

Confira chamada pública do PNAE quilombola 

CHAMADA PÚBLICA DO PNAE QUILOMBOLA – Prefeitura Municipal de Cavalcante