O Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio) integrou na sexta-feira (12) a programação do workshop online “Sistemas alimentares florestais e suas contribuições para a segurança alimentar e nutricional”, realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO-ONU), por meio do Escritório Regional para América Latina e Caribe. O evento online teve como objetivo discutir a urgência de se desenvolver novos sistemas de alimentação, que considere o potencial das florestas.
Essa temática, presente em agendas globais como o Acordo de Paris e o Global Biodiversity Framework (GBF), é uma das diretrizes do ÓSocioBio – que reúne organizações socioambientais da sociedade civil, movimentos sociais, empreendimentos e cooperativas de base comunitária e redes dos campos, das florestas e das águas. A secretária executiva do observatório, Laura Souza, apresentou a dinâmica da iniciativa, que também é orientada para a defesa da segurança alimentar, e para a incidência em políticas públicas.
“Participar de eventos como esse, ao lado de gestores públicos e pesquisadores de países como Chile e Costa Rica, por exemplo, nos oportuniza discutir a agenda a nível global. Em nossas atividades, aqui no Brasil, é justamente isso que estamos fazendo, ao lado de outras entidades: dialogando sobre as políticas de conservação e proteção dos territórios e seus povos, por meio das economias e práticas socioprodutivas de cada bioma”, informa Laura.
De acordo com a FAO, estima-se que 5,76 bilhões de pessoas, de distintos grupos socioeconômicos e diversas regiões geográficas, usam produtos florestais não madeireiros. Cerca de 50 mil espécies selvagens são usadas em todo o mundo para alimentação, medicina, energia, geração de renda e outras práticas relacionadas às identidades culturais e territoriais, sendo recurso fundamental para metade da população mundial e cerca de 70% das pessoas em situação de vulnerabilidade do mundo.
“Dez mil espécies são de vital importância como alimento, principalmente para os povos indígenas e comunidades rurais. Os produtos florestais não madeireiros desempenham um papel importante na saúde humana, contribuindo para a dieta de qualidade, fornecendo nutrientes vitais, especialmente para mulheres, crianças e segmentos vulneráveis da sociedade”, defende a FAO.
Produtos florestais não madeireiros
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os produtos florestais não madeireiros, “são todos os produtos advindos da floresta que não sejam madeira, como: folhas, frutos, flores, sementes, castanhas, palmitos, raízes, bulbos, ramos, cascas, fibras, óleos essenciais, óleos fixos, látex, resinas, gomas, cipós, ervas, bambus, plantas ornamentais, fungos e produtos de origem animal”.
Por isso, a gestão das florestas, com o uso sustentável dos recursos naturais, está entre as mais importantes estratégias para a manutenção de sistemas alimentares florestais, que contribuem para a preservação da biodiversidade e para apoiar meios de subsistência. E também: são fundamentais para a mitigação das alterações climáticas atualmente.
Texto: Dominik Giusti/Assessoria de comunicação ISPN